sábado, 28 de octubre de 2017

vinicius de moraes / soneto









Esa mujer que se arroja fría
y lúbrica en los brazos, y a sus senos.
Me aprieta, me besa y balbucea
versos, rezos a Dios, votos obscenos.

Esa mujer, flor de melancolía
que ríe de mis pálidos recelos,
la única entre todas a quien di
caricias que jamás a otra daría.

Esa mujer que a cada amor proclama
la miseria y grandeza de quien ama
y feliz de mis dientes guarda huella.

¡Un mundo, esa mujer! Es una yegua
quizás, pero en el marco de una cama
nunca mujer alguna fue tan bella.

***
Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 1913-1980)
Versión de Mariano Ramos

/

Soneto de devoção

Essa mulher que se arremessa, fria 
E lúbrica aos meus braços, e nos seios 
Me arrebata e me beija e balbucia 
Versos, votos de amor e nomes feios. 

Essa mulher, flor de melancolia 
Que se ri dos meus pálidos receios 
A única entre todas a quem dei 
Os carinhos que nunca a outra daria. 

Essa mulher que a cada amor proclama 
A miséria e a grandeza de quem ama 
E guarda a marca dos meus dentes nela. 

Essa mulher é um mundo! — uma cadela 
Talvez... — mas na moldura de uma cama 
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

No hay comentarios.:

Publicar un comentario