viernes, 19 de febrero de 2021

cecilia meireles / dos poemas










O esto o aquello

*

O se tiene lluvia y no se tiene sol,
¡o se tiene sol y no se tiene lluvia!

O se coloca el guante y no se pone el anillo,
¡o se pone el anillo y no se coloca el guante!

Quien vuela por los aires no se queda en el suelo,
que se queda en el suelo no vuela por los aires.

¡Es una gran pena que no se pueda
estar en dos lugares al mismo tiempo!

O guardo el dinero y no compro el dulce,
o compro el dulce y gasto el dinero.

O esto o aquello: o esto o aquello
¡y vivo escogiendo el día entero!

No sé si juego, no sé si estudio
si salgo corriendo o me quedo tranquilo.

Pero no he conseguido entender todavía
qué es mejor: si es esto o aquello.

~

Reinvención

*

La vida solo es posible
reinventada.

El sol va por los campos
y pasea su mano dorada
por las aguas, por las hojas...
¡Ah! Todo es burbujas
que brotan de piscinas hondas
de ilusionismo - nada más.

Pero la vida, la vida, la vida,
la vida solo es posible
reinventada.

La luna viene, viene, retira
las esposas de mis brazos.
Me proyecto por espacios
llenos de tu Figura.
¡Todo es mentira! Mentira
de la luna, en la noche oscura.

No te encuentro, no te alcanzo.
Sola - equilibrada en el tiempo,
me desprendo del vaivén
que me lleva más allá del tiempo.
Sola - en la oscuridad,
permanezco: dada y recibida.

Porque la vida, la vida, la vida,
la vida solo es posible
reinventada.

***
Cecilia Meireles (Río de Janeiro, 1901-1964)
Versiones de Nicolás López-Pérez

/

Ou isto ou aquilo

*

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

~

Reinvenção

*

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

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